Nestes anos todos em estúdio, me deparo com um fato curioso: muita gente separa completamente os conceitos “música” e “efeitos sonoros”, não somente como coisas diferentes no que se refere à gravação e mixagem, mas também como meios de gerar sons.
Explicando melhor, tem gente que acha que objetos em geral servem apenas para criar ruídos, e instrumentos musicais servem apenas para criar música. Nada mais distante da realidade…
Considere o uso de instrumentos musicais para criar ruídos! Parece a coisa mais óbvia do mundo, mas não são raras as vezes que vejo técnicos de som ignorarem o mundo de possibilidades que se abre na frente deles… citando alguns exemplos:
acordeon: um número enorme de chaves e teclas, e o próprio fole (ótimo para um som de respiração à la Darth Vader). Experimente “brincar” com todos os sons diferentes que um acordeon pode gerar
piano: experimente abrir a tampa do piano (só isso já tem muitos sons para simular abertura e fechamento de portas), pisar no pedal de sustain e ouça o som gerado pelas cordas; corra as unhas sobre as cordas, como se fosse uma harpa. Ou bata levemente nas cordas graves com uma caneta Bic e encante-se com os drones gerados!
cuíca: com um reverb longo e brilhante, tipo um plate, você consegue sons etéreos muito bons para, por exemplo, marcações de “aparições” em computação gráfica.
Na “mão contrária”:
chaves e sinos cerâmicos de vento (aqueles que penduramos na janela): utilize-os para sons percussivos em música
pequenos canos de metal: bata um cano no outro, ou role o cano sobre outra superfície metálica de modo rítmico; some esse som “rolante” a um rufo de tarol, tipo drum’n'bass
brinquedos do tipo carrinhos elétricos ou de corda: grave e fatie os sons e monte um banco de sons percussivos, para usar no seu instrumento virtual favorito
pente: tanto pode correr seus dedos pelos dentes do pente, como dobrar uma folha de papel em volta dele e soprar levemente; bom para efeitos cômicos em músicas infantis
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